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Sinopse: Daniel, morador e traficante
da maior favela do Rio de Janeiro, se vê em mais um conflito pessoal com seu
arqui-inimigo, Verruga, ganhando deste, uma importante batalha. Sai para
comemorar na agitada noite carioca e esbarra em Alice, uma jovem doce e determinada
que lhe abrirá novos horizontes. Mas os reveses pesam sobre o rei do submundo.
O King, como é conhecido, apaixona-se por Alice e decidido a tê-la sob qualquer
circunstância inventa uma nova identidade a fim de conquistá-la privando-a da
sua negra realidade. No auge dos acontecimentos, Daniel tem sua verdade exposta
por seus inimigos em uma retaliação onde a vítima principal é sua amada, que
depois de sequestrada e torturada, descobre que o bom moço por quem se
apaixonou é, na verdade, o maior traficante de todos os tempos. Em retaliação,
Daniel e Alice passam por grandes apuros nas mãos dos inimigos do King.
Abrem-se os portões do inferno no morro. Uma nova guerra por domínio e poder
inicia-se. Para Daniel, o que será mais importante? Seu reino ou seu amor?
Torturado por essas questões, ele deve tomar a decisão que mudará a história do
morro e de sua vida.
PREFÁCIO
Daniel está sem
tempo. O morro está prestes a ver outra noite sangrenta. Seus soldados estão
preparados e o inimigo não espera. O Rei Do Morro não foge à luta. Fora traído,
mas isso não significa nada para quem tem o poder nas mãos e agora, ele só quer
comemorar a batalha vencida.
O destino, ou talvez a Providência Divina, ele não saberia dizer a diferença, o leva ao encontro da garota com a qual nunca ousou sonhar: Alice.
O destino, ou talvez a Providência Divina, ele não saberia dizer a diferença, o leva ao encontro da garota com a qual nunca ousou sonhar: Alice.
Se existe amor à
primeira vista, então foi isso que aconteceu com ele.
Um simples encontro
pode mudar toda uma existência.
King está
experimentando os sabores de um verdadeiro amor, mas ele cultivou ódio por
tempo demais para viver em paz. Seus inimigos planejam a mais covarde
retaliação e agora o Rei terá que lutar uma verdadeira guerra para ter o seu
anjo de volta.
CAPÍTULO UM
Daniel acorda
ouvindo o barulho irritante do despertador e o faz voar através do quarto, por
meio de um tapa, de modo que esse se espatifou contra a parede. Não acertou o
grande espelho ao lado da porta, mas quebrou uma luminária. A noite passada lhe
rendera um grande porre e uma ressaca óbvia, já que ele apertou as têmporas e
as massageou logo após destruir seu despertador.
- Droga de barulho do inferno! – ele resmunga
ainda passando a mão pelo rosto para afugentar o sono.
Na noite anterior tinha programado o
despertador digital porque fora dormir tarde após mais uma das suas festinhas
famosas por toda a favela e pela manhã teria uma reunião de conferência. Quase
todos os dias acordava de mau-humor e hoje não foi diferente. Pega a ponta de
seu cobertor e o joga de lado, ficando livre para se levantar. Caminha até o
banheiro se arrastando e se apóia na pia de modo a se olhar no espelho. Daniel
vê seu reflexo bronzeado, seus olhos verdes e os cabelos pretos bagunçados. Ao
contrário do que talvez se imagine, pessoas como ele eram comuns na maior
favela do Rio de Janeiro. Ele tinha nascido e crescido naquele lugar, em meio
ao sofrimento, as misérias e os conflitos. Um dia, após ver a mãe ser
hospitalizada com sérios problemas na coluna de tanto lavar roupa para
sustentá-lo, concluiu que não queria mais sofrer e nem ver sua mãe arrasada
daquele jeito, decidiu que seria o Rei do Morro, um homem respeitado e temido e
teria tanto dinheiro que perderia a conta. Esqueceria o abuso sofrido por
outros rapazes enquanto ainda era criança, e serei um anjo de asas negras para
pessoas como ele. Foi nesse dia que Daniel virou traficante.
Duas batidas leves na porta de seu quarto o
arrancam de sua própria contemplação. Ainda resmungando algo ininteligível,
vira-se na intenção de atender e tropeça em uma garrafa de vinho Andino
esquecida ali na véspera.
“Hoje não é meu dia”. Pensou.
- O que você quer aqui tão cedo Amendoim? Já
não falei que não quero ser acordado porra! – ele grita com um de seus
subordinados.
- Desculpe King. – o cara parado a porta
levanta as mãos espalmadas se desculpando. Sua expressão covarde no rosto
marcado com sardas e algumas cicatrizes o tornava decididamente feio. – Mas,
você pediu pra avisar se a gente descobrisse algo sobre o Verruga.
King era o nome pelo qual cada um do bando
chamava Daniel desde que esse se tornara mesmo o Rei do Morro há pouco mais de
dois anos.
- Aquela carniça do Verruga me incomodando
logo cedo! – ele puxou Amendoim com força para dentro do quarto.
Verruga, um dos traficantes mais poderosos do
Rio, abaixo de Daniel e arqui-inimigo deste vivia armando emboscadas sem
sucesso contra ele. A rixa entre os dois havia começado no dia que Daniel subiu
ao trono, roubando todas as entregas do outro.
- E qual é a parada? Vamos, desembucha homem!
- Então, o Zezinho descobriu um lance que vai
ferrar de vez com o Verruga.
Amendoim faz uma
pausa de suspense com um sorriso esboçado e Daniel com um gesto de impaciência o manda continuar.
- Sabe o caminhão do Mário?
- Sei. O que tem?
- Saca só isso, o “Baú da Felicidade” do
Verruga estará no caminhão do Mário. Parece que por causa da polícia ele não
vai poder usar seus caminhões nesta entrega.
- Termina logo com esse suspense de quinta
Amendoim! Eu ainda nem tomei meu café da manhã! – Daniel fala numa explosão.
- Calma King. Deixa eu te contar, o barato é
que a entrega do Verruga acontecerá amanhã na rota azul. Na hora da novela,
quando tá mais calmo por lá. Tá no papo!
A expressão zangada de Daniel muda rapidamente
com a notícia do seu subordinado.
- Agora sim! Esta é uma notícia animadora. Se
for nesta rota mesmo ele já era. Reúna a tropa que amanhã tem festa na
fogueira!
Daniel dispensou Amendoim com alguns empurrões
e trancou a porta. O “Baú da Felicidade” é como entre eles chamam os carros carregados
de drogas e armas. Daniel, querendo acabar de vez com seu concorrente estava há
meses em uma arriscada investigação para descobrir como levar Verruga à
falência ou lhe dar um golpe do qual ele dificilmente se recuperaria. Na noite
do dia seguinte ele teria a chance de fazer isso.
Ainda excitado com a idéia de destruir Verruga
e ganhar mais influência, se vestiu após um banho gelado e saiu de casa com
tanta pressa que esqueceu o seu desjejum. Embora, fossem já horas do almoço.
Sua casa por fora
parecia um sobrado de alta classe comum. Mas quem se aproximasse dos altos
muros poderia ver a quantidade de homens que faziam a segurança do lugar. O
rapaz tinha sido um menino pobre, filho de um pai que bebia demais e espancava
a mãe, esta por sua vez, vivia amargurada, mas ainda assim, trabalhava fazendo
faxinas e lavando roupa para fora porque precisava dar o que comer para o
filho. Daniel estudou até o 1º ano do segundo grau, quando desistiu de tentar o
jeito certo – por ser mais difícil - e passou para o lado negro da sociedade, o
mundo da criminalidade, ou como os intérpretes musicais dizem: o submundo.
Não é difícil imaginar todos os motivos que o
levaram ainda adolescente a se revoltar e tomar uma decisão amarga e perigosa.
Cercado pelo medo e a violência, com a fome e a miséria batendo a porta, sendo
humilhado, abusado e desprezado como se o simples fato de ser pobre, fizesse
dele a escória do mundo, alguém indigno, algo do qual se ter nojo. Daniel
diante do espelho enquanto se perfumava com um caríssimo perfume francês, com
um cordão de ouro pesadíssimo pendendo de seu pescoço, olha seu reflexo e
recorda-se de uma vida que parece distante, um tempo de um outro mundo, quando
o café da manhã só acontecia na escola e o banho não acontecia em uma banheira
com detalhes em ouro, mas em um córrego imundo ou em uma bica de torneira fria
e com os pés na lama.
Às vezes, como hoje, parava pra pensar em sua
decisão e justificava dizendo a si mesmo que a mãe merecia uma aposentadoria
digna e ele uma vida melhor e que assim funcionava o sistema. Uma pessoa pobre
tem poucas ou quase nenhuma chance de ser rica, e estudar não ajudava muito em
um país onde a educação não é prioridade, apenas promessas políticas, por isso,
cansado da miséria achou que sua única saída seria virar traficante. Começou
fazendo entregas e como não era usuário, logo tinha dinheiro para comprar e
revender. Nesse submundo, traficou, furtou, roubou, fez coisas das quais até o
diabo duvida, apenas almejando se tornar rico e poderoso. Sua inteligência e
percepção sagaz o abençoavam para o mal. Daniel criava verdadeiros planos
mirabolantes, assaltos que ele dizia ser coisa de ‘profissional’ e sempre se
saía muito bem. Dos dezesseis aos dezoito anos Daniel se dedicou ao mundo do
crime e juntou uma pequena fortuna – enganando a quem servia - e muitos
seguidores, assim, pouco mais de dois anos depois de penetrar nas trevas,
tornou-se o King, o Rei Do Morro. Seu nome era temido e respeitado, seus
companheiros escolhidos a dedo eram leias e dedicados, fosse porque gostavam
dele ou porque o temessem, mas o serviam satisfatoriamente.
Daniel, o mais jovem traficante bem sucedido
da historia, tinha muitas mortes nas mãos, embora de algum modo bizarro, nunca
tivesse puxado o gatilho que tirara a vida de alguém. Dizia que isso era o
poder. Ele mandava, outro obedecia. Não tinha motivos para sujar suas mãos de
sangue quando tinha quem fizesse por ele. Agora, na manhã de sexta-feira, subia
escadas seguido por quatro de seus seguranças pessoais, ele já não se importava
de ter tantas sombras, afinal, tudo tem seu preço. Caminha por um labirinto que
parecia interminável, a rota até o seu escritório que carinhosamente chamava de
‘quartel’, onde se reuniria com mais de cinquenta homens, seus imediatos e
prepararia um plano de ação contra Verruga. Tinha obtido sucesso em todos os
seus planos até agora. Como era dotado de certo nível de carisma, conseguiu
companheiros que apoiavam os ideais distorcidos, seguindo-o de boa vontade. Um
fenômeno, considerando do quê e pelo o quê eles viviam.
O quartel ficava escondido na parte mais alta
do morro e só era acessível depois de se passar por um túnel apertado e
sufocante. De fora, nem por meio de um helicóptero podia-se enxergar a
construção camuflada entre as árvores. Somente aqueles que conheciam a
localização poderia notar parte da construção entre a mata a encosta do morro.
- Bom dia King! – cumprimentou-o o seu
‘primeiro tenente’, Marcel, o contador.
- Bom dia, bom dia. Agora vamos aos negócios!
– Daniel demonstrou animação. Seu mau-humor sumira.
O rapaz que ainda tinha um rosto quase
adolescente sentou-se em uma cadeira de couro branco giratória e atrás de uma
mesa de vidro moderna. Marcel não estranhou que ele estivesse de bom-humor,
sabia que Daniel era instável.
O homem de aparência fria e cruel se adianta e
lhe entrega algumas pastas de arquivos. Duas pistolas descansavam em cima dos
documentos, as mesmas que Daniel mandara que fossem limpas no dia anterior.
- Fechamos junho com um faturamento bruto
superior ao do mês passado. Olha a quantidade de zerinhos aí – falou o homem
sorrindo -. Todo o pessoal está pago e o dinheiro depositado nas contas e
cofres de sempre. Pode conferir.
- Cadê os recibos?
Daniel conferiu as notas e recibos. Estavam
corretos e isto o animou mais, já que seu faturamento anual só aumentava. Ele
passaria mais tarde uma revista detalhada nas contas só por precaução, mas
ninguém ali seria burro o suficiente para o roubar.
- King?
– Um homem que mais parecia uma muralha com seus 2,02m de altura e o corpanzil
avantajado e uma voz de trovão o chamou. Este era Paulo, o chefe de segurança,
conhecido como Capitão.
- O que manda Capitão? – Daniel cruzou as
pernas em cima da mesa e abriu uma cerveja que tirou do frigobar ao lado.
- Quero saber como planeja a operação de
amanhã. Nós temos uma ideia.
- É mesmo? E qual seria? – o olhar de zombaria
passou-lhe rápido pela expressão que logo transformou-se em um interesse
estudado.
- Vamos bloquear a entrega ainda no pé do
morro. A barreira se infiltrará no trajeto azul com vinte homens para
descarregar o bagulho e carregar em nossos furgões que serão levados por dez
dos nossos homens que terão que se encarregar das escoltas. Outros dez farão
parte da sua equipe de segurança pessoal reforçando os oito que vão com você.
Tocamos fogo depois em tudo que sobrar e damos no pé.
Daniel respira fundo antes de falar.
- Capitão, quanto tempo você acha que levará
para descarregar e recarregar toda a entrega do Verruga? Ou quantos caminhões
você pensa que o Mário cedeu para isso?
Os homens que
conheciam Daniel muito bem e sabiam que quando este falava manso e baixo demais
o melhor era escutar de boca fechada.
- Além disso – continuou -, quem cuidará do nosso morro?
O Capitão gaguejou algo ininteligível. Era
esperto, mas realmente a parte de cuidar do seu próprio morro deveria ter lhe
ocorrido em mencionar. Ele deixaria alguns homens para este serviço, mas o fato
de ter esquecido de contar isso ao King, já servia para o patrão achar que o
plano deles era uma canoa furada.
- O plano é o seguinte. Quarenta dos nossos
combatentes ficarão estrategicamente espalhados pelo nosso morro cuidando da
nossa segurança. Vinte irão cuidar do baú e dos dois batedores, mas ao invés de
tirarmos a mercadoria, vamos roubar o caminhão com tudo o que tem dentro, ou
melhor, os caminhões, pois soube que esse mês são três. Tenho certeza que há
mais do que drogas e armas chegando nessa época. Outros dez homens irão ficar
na equipe de apoio, com motos e rádios assim poderão ir onde mais for preciso.
- Mas King, você ficará apenas com oito
homens. – Capitão o lembrou. – É arriscado.
- Você se esqueceu com quem está falando? –
Disse Daniel com tom de arrogância – Eu sou o Rei desse lugar, ninguém vai me
destronar assim tão fácil camarada!
- King – Carlinhos se intrometeu. Ele era um
dos homens da segurança pessoal de Daniel. – Você não precisa participar da
operação. Aqui no morro seria mais seguro, teria outros dez homens para te
proteger.
Daniel fez a garrafa de cerveja voar e
estourar contra um armário, muito próximo de onde antes estava a sombra da
cabeça de seu segurança.
- Eu sou o King! – berrou – Acha que cheguei
até aqui porque fui um covarde? É claro que estarei lá. Quero assistir de
camarote a queda daquele verme. Agora saiam todos daqui e deem as ordens como
lhes passei.
Em segundos a sala ficou quase deserta. Marcel
deixou um celular em cima da mesa e saiu, fechando a porta quase sem ruído.
Daniel talvez sofresse de bipolaridade, seu humor variava constantemente.
Passado o momento da explosão, pegou o controle da grande TV de plasma e a
ligou. O tele-jornal não tinha nada de seu interesse, principalmente agora que
sua cabeça estava a mil com suas maquinações para destruir Verruga.
- Esta noite, se tudo der certo serei o Rei do
Brasil. – falou para si mesmo.
A TV foi desligada, porém Daniel permaneceu em
seu quartel e logo uma mulata de cabelos afros bem cuidados e um corpo
escultural veio lhe servir o almoço.
- Bom dia! – a mulher exibiu um sorriso
insinuante com dentes brancos perfeitos.
- Olá Rainha! – ele deu um tapinha na bunda da
mulher que sorriu ainda mais.
- Trouxe seu almoço meu Rei. – O vestido
justíssimo e curto deixavam suas formas mais acentuadas e voluptuosas.
- Deixe aí. Tenho outro tipo de fome agora
Rayssa.
Com desdém ele olhou pra comida que empurrou
de lado enquanto já abraçava a mulher apertando-a contra seu corpo. Suas mãos
subiam e desciam naquele corpo da cor do pecado e logo as suas roupas estavam
ao chão.
Olá!!!, Deus te abençoe, amiga eu acho que esse livro é bom só por causa da sua resenha muito boa, o seu blog é ótimo sucesso, já estou te seguindo, Aguardando Retribuição.
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