Nesta sexta a coluna aqui no Eclética que participa da Bienal Online, Deguste um livro, traz uma obra idealizada por mim com a participação mais que especial das minhas amigas escritoras Rebeca Andrade (aqui do blog), Renata Martins, Gleize Costa e Joice Lourenço.
É hoje o lançamento \o/ e você vai ler em primeira mão o comecinho do primeiro conto, escrito por mim.
Não deixe de acompanhar a
Bienal Online no facebook, pois hoje a noite estará promovendo um bate papo com as autoras do livro.
Curta também
Amores de Verão, e você pode ler a sinopse e os comentários no meu
novo site \o/ (demorou mais saiu!), que aliás tem tudo - ou quase - sobre minhas obras como book trailers, primeiros capítulos, comentários, curiosidades, personagens, fotos, enfim, dê uma passadinha lá e faça a festa! rsrs
Bom, vamos ao que interessa! Com vocês, abrindo o verão literário, Te amei numa noite de Verão, conto da nossa antologia:
Te amei numa noite de Verão
— Não deixe o samba acabar, não deixe o samba
a-ca-bar...
Respirou fundo, impaciente, Antônio não parava
de repetir aquela música. Quase bêbado como ele estava, nem mesmo os resmungos
do amigo e os tropeções que levava na viela de paralelepípedos acabavam com
aquela alegria alcoólica. Diabos, pra quê Miguel foi chamá-lo pra ver o jogo no
barzinho?
— Ô abre a roda, meu amor, que eu quero sentir
seu calor. Ô ô... — Parou e olhou para o outro, de lado. — Ah, Miguel, qual é a
sua? Noite boa pra festejar, o Atlético ganhou, poxa vida!
— Cara, eu sou Cruzeirense — murmurou.
— Ih, dor de cotovelo! — Passou o braço sobre o
ombro do colega. — Não fica triste, não fica, tá legal?! O dia tá lindo...
— É meia-noite.
—... dá até praia...
— Nós estamos no Centro.
—... cheia de mulher bonita... — falou
lentamente, quase visualizando.
— A essa hora estão todas dormindo. — Inflamou
as narinas e apertou os lábios num sorriso caído.
— Ê, mas como você é do contra! — reclamou
afastando.
Caminharam quietos, pelo menos Miguel, porque
Antônio ainda sussurrava uma música até chegar na pensão em que estava
hospedado.
— Até amanhã — Miguel se despediu e já deu as
costas pra ir embora. Estava em um apartamento no próximo bairro com mais cinco
amigos.
Antônio empurrou o portão verde gradeado. Sem
sono, resolveu que queria papear mais um pouco antes de chegar a dor de cabeça,
por isso deu meia volta.
— Ô Miguel, ô, vai embora não, pô! Vamos falar
do jogo — chamou, mas ele já descia a rua escura. Coçou a cabeça, os cabelos
cacheados que brotavam por todo canto. Deu de ombros e caminhou até a saleta de
entrada. A porta estava trancada. Lembrou-se da chave e vasculhou os bolsos em
busca dela. Na frente, atrás, pensou em procurar até na meia. — Miguel! —
gritou. — Ô Miguel, onde você escondeu minha chave, caramba? — pensou em voz
alta, olhando em volta. — Maria! Será que deixei no bar? Diacho!
Já cansado e sentindo fisgadas na cabeça, foi
fazendo o trajeto de volta pro barzinho, onde tinha assistido ao jogo Atlético
Mineiro versus Cruzeiro. Vinha
coçando a barba aparada, castanha clara, como os olhos e cabelos, até a chave
havia esquecido a essa altura.
— Golaço! — Vibrou, lembrando-se, e subiu os
três degraus do bar. Estava cheio de estudantes universitários, tal como ele e
Miguel, em sua maioria vindos de Minas para o litoral capixaba, onde passavam
as férias de verão. Transitou por entre as mesas, o cheiro dos aperitivos subia
até ele como um delicioso aroma, mas já se encontrava de barriga cheia. Chegou
até a mesa em que antes estava sentado, procurou em cima, no chão, nas cadeiras,
e estava quase convencido de que dormiria na
calçada, quando então tocaram seu ombro.
— Boa noite — cumprimentaram. Antônio virou
rapidamente e deu de cara com uma garçonete, a quem olhou espantado, não tinha
notado que era uma mulher tão bonita. — Você e seu amigo esqueceram uma chave?
Se bem me lembro, eram vocês que estavam na mesa 6.
— Aham. A chave é minha. E a sorte também —
falou, sentindo-se meio abobalhado.