28 julho 2012

Especial Walt Disney: Enrolados (Tangled - EUA - 2010)


Enrolados é o 50° filme dos estúdios Disney e foi baseado na famosa história de Rapunzel.
Não se sabe ao certo qual a verdadeira origem da história (em qual país ou qual autor a criou), a única coisa que afirmo é que a história surgiu na Europa e houveram 3 (4) principais autores, sendo que um (2) dos autores nós sabemos que “criou” apenas uma versão (transcrição) de uma história já existente e inclusive publicada. Essa versão é a versão dos Irmãos Grimm. A verdadeira disputa da autoria da história talvez fique entre dois autores; o italiano Giambattista Basile, que escreveu Petrosinella em 1637, e a francesa Charlotte Rose de Caumont de la Force, que escreveu Persinette em 1697 (apenas à caráter de informação, a versão da francesa foi a base dos Grimm e é a versão que nós conhecemos hoje), porém, independentemente de qualquer coisa, nós sabemos que naquela época as histórias eram mais contadas verbalmente e é muito difícil identificar um “verdadeiro” autor da história, pra falar a verdade o verdadeiro autor, nós provavelmente nunca saberemos quem foi, sendo assim, é mais conveniente apenas identificar esses autores citados como pessoas que fizeram as suas próprias versões de uma mesma história já contada e recontada na época em que viveram.

Voltando ao filme, na versão dos estúdios Disney os roteiristas quiseram inovar... E conseguiram!  
Apesar de ser uma história bastante antiga, nós temos uma perspectiva nova e melhor trabalhada do romance e das aventuras do casal apaixonado.

O filme se inicia com o protagonista Flynn Ryder (Eugene) nos narrando o começo da história, ele nos conta que há muito tempo uma gota do Sol caiu na Terra e essa gota brotou criando assim uma flor mágica, que possuía certos poderes, porém, uma senhora (Gothel) descobriu essa flor e a escondeu de todos. Gothel usava uma espécie de encantamento para ativar os poderes da flor. Ela cantava uma canção, assim a flor mágica a deixava mais jovem, e ela fez isso por séculos. O tempo passou e um reino nasceu perto de onde a flor brotou. Tudo estava bem, até que um dia a rainha, que estava grávida, ficou doente e nada poderia salva-la, exceto talvez por uma certa flor...

Todo o reino ficou preocupado (já que a rainha e o rei eram muito bons), todos partiram então em busca da flor mágica. Alguns soldados a encontraram e levaram para a rainha. Com a flor eles criaram um remédio, e a rainha o bebeu, salvando assim a si mesma e ao bebê. Quando a criança nasceu, Gothel, com muito ódio por terem pegado a flor mágica, conseguiu entrar no castelo. Ela foi ao quarto da princesa recém nascida e quando cantou a canção que ativa os poderes da flor perto da criança o cabelo da garota brilhou, ela obteve assim o mesmo resultado que obtinha anteriormente com a flor mágica. Gothel então tenta cortar o cabelo da criança, mas quando ela corta uma mecha, o cabelo volta ao normal, fica castanho e sem poderes, ela então sequestra a criança e passa a viver com a princesa numa torre e finge ser sua mãe....

A inovação do filme está relacionada diretamente à personalidade das personagens, e à dinâmica em que a história nos é apresentada.
Rapunzel, por exemplo, é uma garota bastante moderna, que pratica várias atividades, é extremamente inteligente, procura estudar e entender o mundo a sua volta, é aventureira, está longe de ser frágil e não espera que ajam por ela, ela costuma muitas das vezes tomar a iniciativa. Tudo isso a torna uma personagem bastante carismática e interessante.

O príncipe, que na verdade não é um príncipe, é um ladrão, também trouxe um aspecto positivo pra história, que obviamente não é o de ser ladrão, mas sim o de não ser um príncipe. Ele não chegou num cavalo branco (na verdade ele chega fugindo de um cavalo branco), de perfeito não tinha nada, tudo bem que tinha uma aparência bacana e era atlético, ou seja, tinha suas qualidades, mas o importante a ressaltar é mostrar que a perfeição talvez esteja em não ser perfeito e talvez em ser uma pessoa “comum”, uma pessoa “normal”.

A vilã, ao invés de bruxa perversa que tem como único objetivo fazer o mal e prejudicar ao próximo, está bem mais próxima do real e daquilo que vemos tão comumente hoje em dia. Ela na verdade é uma pessoa que só pensa em si mesma, que pra satisfazer os seus desejos e suas vaidades não pensa duas vezes antes de ferir, antes de magoar, antes de passar por cima de tudo e de todos a sua volta pra conquistar seus objetivos. O seu “eu” está acima de qualquer coisa, a sua vontade é o que importa, o resto não é nada, não tem significado algum. Na cabeça (mente), deste tipo de pessoa o outro só existe para servir, pra satisfazer suas próprias vontades, o outro não é um semelhante, é apenas uma ferramenta que pode (e deve) ser usada para satisfazer aos seus próprios desejos e vontades.

Vamos agora as diferenças do filme em relação ao conto dos irmãos Grimm:




Os exemplo são vários. No conto temos a seguinte história:
Havia um casal que queria muito ter um filho, até que certo dia a mulher ficou grávida. O casal ficou muito feliz, porém, a mulher teve desejo de comer alface de cordeiro (daí o significado do nome Rapunzel que significa alface de cordeiro), mas o único lugar que possuía a tal hortaliça era na horta da vizinha do casal, que era uma bruxa (na verdade essa “bruxa” é contestável, mas ficou assim na tradução nacional.) O marido então invadiu a horta da bruxa e roubou o alface, mas a mulher teve vontade novamente, ele então invadiu a horta novamente pra pegar mais, no entanto a bruxa o descobriu, o homem implorou por perdão e explicou que era para a sua mulher que estava grávida, a bruxa, então, exigiu que em troca das hortaliças o casal desse sua filha a ela, o casal foi obrigado a entregar sua filha a bruxa, que deu a criança o nome Rapunzel.

A bruxa prendia a moça numa torre e quando queria entrar na torre gritava o nome de Rapunzel e a moça jogava suas enormes tranças para a bruxa subir. Certo dia um príncipe que passava por perto da torre ouviu a moça cantar, era a voz mais linda que ele já havia escutado. Ele então passou a passar por aquele caminho todos os dias, até que ele viu como a bruxa fez pra subir na torre, então esperou um dia em que a bruxa não estivesse lá e gritou pedindo que Rapunzel jogasse suas tranças. A moça jogou, achando que era a bruxa, quando ele subiu, ela se assustou, porém os dois se apaixonaram. 
A bruxa quando descobriu, cortou as tranças de Rapunzel e jogou um feitiço para que ela fosse viver no deserto. Quando chegou a noite e o príncipe foi procurar por Rapunzel, a bruxa o esperava e o cegou. 
Após muito tempo, os dois se reencontraram, Rapunzel já tinha dois filhos, e ela chorou. Suas lágrimas caíram sobre os olhos do príncipe que voltou a enxergar, tomou Rapunzel como esposa e levou seus filhos para que vivessem no castelo com eles.

Existem algumas curiosidades a respeito do filme como, por exemplo, o nome, que nas Américas ficou Enrolados. Este nome foi escolhido por uma questão de marketing, já que eles achavam que Rapunzel ficaria muito feminino e afastaria o público masculino do cinema, porém, em alguns países da Europa o nome ficou Rapunzel mesmo.

A dublagem brasileira é outro caso à parte. O personagem Flynn Rider já havia sido dublado por um dublador profissional, porém, sem nenhum aviso prévio, o estúdio resolveu mudar o dublador do Flynn Rider, para um tal de Luciano Huck, que foi escolhido apenas por ter um nariz gigante. A escolha se deve ao fato de existirem algumas piadas a respeito do nariz do personagem no filme (mas o nariz do personagem é normal). 
Além de absurdo, o que foi feito foi antiprofissional, foi desrespeitoso com o primeiro dublador e com o público. Foi uma falta de respeito total, só aconselho a ver a versão em português quem tiver muita paciência pra aguentar amadorismo e falta de qualidade em dublagem (mesmo que seja apenas a de um personagem). Mas vale a penas reiterar que os outros dubladores são ótimos. 

Um detalhe que não me agradou muito no filme foi a técnica de animação usada, prefiro um retorno ao clássico como foi feito em A Princesa E O Sapo, mas nem tudo é perfeito.

O filme concorreu ao Oscar nas categorias de Melhor filme de animação e Melhor canção. Eu particularmente achei muito injusto o filme não ter levado os dois Oscars, pois sem sombra de dúvidas foi o melhor filme de animação daquele ano, e a canção é uma das melhores do estúdio em muito tempo. Mas nós sabemos que nem sempre os membros da academia são justos.

Em 2011 os estúdios Disney cogitaram a possibilidade de fazer uma continuação do filme, porém esse rumor esfriou bastante e parece que a possibilidade de um novo filme foi (ao menos temporariamente) descartada.

Enfim, o filme é recomendado pra qualquer pessoa que queira diversão e entretenimento de qualidade, a Disney manteve um alto nível de excelência e qualidade com este que é um dos melhores filmes que o estúdio já produziu.


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