Para começar, Arrow foge bastante do Arqueiro Verde tradicional dos quadrinhos. Criado em 1941, o herói era um ricaço que, após ficar perdido em uma linha deserta, aprendeu a manejar arco-e-flecha, assumindo o manto do herói. No final dos anos 60 o personagem foi reimaginado com uma personalidade mais forte, resultado do fato de ter perdido toda a fortuna que tinha. Em pouco tempo o Arqueiro se tornou um companheiro inseparável do Lanterna Verde, vivendo aventuras pelo interior dos EUA e com HQs que abordavam temas como preconceito e o vício em drogas.
Essa versão mais velha, experiente e politicamente engajada do Arqueiro Verde durou até o recente reboot da DC, quando surgiu uma personagem mais jovem do herói, indo de encontro a versão do personagem que apareceu em Smallville. Dá para dizer que estas versões mais recentes influenciaram Arrow. No primeiro episódio conhecemos um Oliver Queen jovem e rico, que passou cinco anos em uma ilha deserta após um naufrágio que matou o pai dele e Sarah Lance, irmã da namorada de Ollie na época e que estava tendo um caso com o playboy.


Aquela experiência mudou Oliver. Antes um playboy, agora ele acredita que deve agir contra aqueles que estavam ao lado da própria família Queen e fizeram de Starling City o caos que é hoje.
Se por um lado sai a bandeira política do Arqueiro, ele ganha essa cruzada pessoal na luta contra o crime. A série também acerta ao tentar criar uma aura de mistério sobre tudo o que aconteceu na ilha e como tudo aquilo realmente mudou Ollie. Apesar disso, infelizmente, o roteiro não consegue chegar ao nível de "O que aconteceu?”. É um mistério, tá lá. A história é bem honesta. Ponto.
A série também agrega muitos elementos da franquia Batman de Christopher Nolan. Talvez nem tanto quanto aparecia nos trailers iniciais, mas é perceptível que os roteiristas fizeram uma força para que o Arqueiro fosse nesse caminho, apesar de Oliver Queen ser um playboy desde que nasceu, diferente do Homem-Morcego. Também há algumas liberdades poéticas, como o fato do Oliver Queen conseguir customizar em uma tarde todo um equipamento de arco-e-flecha, e também por ninguém perceber quem ele é apenas por usar um capuz e uma maquiagem verde ao redor dos olhos.


Mesmo com o público principal sendo formado por aqueles que vieram de Smallville ou que curtiram os filmes do Batman, há algumas referências para os fãs de quadrinhos. O nome de Star City foi mudado para Starling City, mas os easter eggs ficam no fato da irmão de Oliver, Thea, ter o apelido de Speedy (antigo sidekick do Arqueiro Verde nas HQs, conhecido no Brasil como Ricardito) e no do protagonista se chamar Dinah Laurel Lance, apesar do “Dinah” ser citado apenas uma vez. Se você não ligou nome a pessoa, Dinah Lance atende também pelo nome de Canário Negro nos quadrinhos e, na antiga cronologia, se casou com o Arqueiro Verde. Outra referência é o segurança contratado para o Ollie: John Diggle, que serviu no Exército em Kahndaq, país ficcional do Universo DC.
É, Arrow não é uma série para explodir cabeças, nem nada disso. Ainda assim, é interessante, dá destaque para um super-herói bacana e promete para o episódio cinco a estreia do vilão Exterminador, um dos maiores vilões do Universo DC..
Autoria: Judão