05 agosto 2011

Ternura


Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.

Vinícius de Moraes

2 comentários:

  1. Lindo poema, muito gostosa as rimas!
    "Embora o meu amor
    seja uma velha canção nos teus ouvidos".
    Que lindo! Isso daria um outro lindo poema!
    Até me inspirei! rs
    bjuus

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  2. Minha parte preferida foi essa também *----*
    "Eu te peço perdão por te amar de repente, embora meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos"

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