30 agosto 2013

Bienal Online + Trecho de livro

Olá, galera! O blog Eclética foi convidado para participar da Bienal Online, que divulga autores nacionais, com destaque para aqueles que publicam de forma independente. Serão onze dias, e iniciou ontem pela manhã com a entrevista da autora Dill Ferreira, confira.


Acompanhe a Bienal Online pelo facebook.com/bienalonline

Agora você vai ficar conhecendo um pouco da obra feita pela Dill, "Casamento por aparências".




CAPITULO I


- Não posso aceitar esse tipo de ajuda! – Falava Amanda para se mesma.
Como ela iria explicar ao seu filho e sua família, que iria se casar com Antônio somente para destruir as esperanças de Breno, de voltarem a viver juntos.
Seu filho, embora acostumado com a ausência do pai, jamais entenderia uma situação dessas com seus cinco anos de idade.
- O que devo fazer? – Perguntou-se. Preciso apagar qualquer possibilidade de voltar a viver com ele. Não voltaria jamais a viver com um homem em quem não poderia confiar novamente, não resistiria nem mesmo por seu pequeno filho. Não depois do que Amanda viu.
Pensamentos dolorosos, porem já superados, vieram á cabeça de Amanda. Naquele dia ela e o filho, foram à casa dos sogros visitá-los. Quando chegaram os sogros não estavam em casa, mas Amanda viu o carro do marido na garagem dos fundos e foi procurá-lo pela casa. Procuraram por ele na parte inferior da casa, mas não o encontram. Curiosa pelo sumiço do marido, Amanda foi procurar na parte superior onde ficavam os quartos. Estava tudo em silêncio, mas ele teria de estar lá, Breno não deixaria de ir com seu carro nem na esquina. Amanda então foi procurá-lo no quarto onde ele dormia quando solteiro. 




Ao abrir a porta ela viu seu marido na cama, transando com outra mulher. A surpresa foi tanta que ela ficou paralisada por alguns segundos absorvendo aquela notícia. Ela não queria acreditar no que via, era doloroso ver que o homem ao qual tanto dedicara e amava a traia descaradamente na casa dos pais. Ao vê-la ele ficou parado sem expressar nenhuma reação o que a deixou ainda mais cega com o cinismo dele. Sem saber o que fazer, Amanda saiu do quarto sem olhar para trás. Pegou seu filho que ficou assistindo TV e foi embora.
Chegando em casa, ela levou o filho para assistir seu desenho preferido e foi para seu quarto tentar ingerir o acontecido.
- Tantas foram as vezes que eu o procurava. – Disse ela com amargura lembrando-se da humilhação que sentia pelas rejeições do marido. Por várias vezes Amanda se considerava inferior a ele, pois Breno quase nunca se mostrava interessado nela, a não
ser que isso lhe trouxesse algum retorno além da satisfação física. A dor que sentiu ao saber que era enganada a estava matando.
- Hoje não meu amor, eu tive um dia cheio e estou muito cansado. - Falava ele carinhoso para convencê-la. – Quero dormir um pouco mais. – Ela compreensiva não o perturbava mais, por pensar que o cansaço dele era causado pelo trabalho. Agora Amanda sabia o porquê de tanta indiferença por parte dele. As reuniões eram outra forma dele ter seus momentos de lazer com outras.
- Minha querida hoje eu terei uma longa reunião e não tenho horário de ir para casa. Não precisa me esperar para jantar, iremos a um restaurante jantar todos juntos e aproveitamos para adiantar a reunião. – Disse ele por várias vezes durante os anos de casados.
Agora, tempos depois ele volta insistindo no reatamento dos dois. Como ela poderia aceitar tal pedido, depois de tudo o que passara por causa das loucuras dele! Não, ela não aceitaria, mas como resolver isso de uma vez por todas. Como livrar-se do ex marido sem afastá-lo do filho que embora ele pouco desse atenção, havia o vinculo de pai e filho que não poderia ser ignorado. – Ela pensava.
- Não podia aceitar o pedido de casamento de um amigo, somente para me livrar de Breno. – Amanda disse á Antônio. O amigo que sempre a apoiara e era muito resolvido com os problemas, mas que agora não parecia agir com a mesma racionalidade de sempre, ao fazer uma oferta louca como a que fizera.
- Não será um casamento Amanda. – Falara ele pegando nas mãos da amiga tentando confortá-la. – ficaremos juntos somente por aparências, nada mais que isso. Assim você se livra dele. – Parecia tão fácil ouvindo-o dizer com a aparente calma.
- Não seria justo com você Antônio! – Exclamara ela considerando a possibilidade fora de questão. – Ele porem estava determinado a socorrer Amanda.
- Por que essa recusa tola? – Quis saber ele se aproximando dela causando-lhe um clima bom de proteção carinho a respeito, que ele sempre a transmitia como amigo.
- Você merece uma pessoa ao seu lado que lhe dê amor, não uma farsa. – Concluiu ela.
- Deixe que eu decida o que é justo ou não para mim, tudo bem? – Ele falou olhando-a nos olhos. – Não quero vê-la infeliz como estava quando nos conhecemos. Custou me muito ver um sorriso naquele rosto triste que você tinha. – Amanda recordou as palavras do amigo com angustia e alegria por saber poder contar com ele sempre.
De volta a realidade ela não conseguia imaginar outra solução para se ver livre do pai de seu filho definitivamente. Breno era pegajoso e ligava para ela todos os dias, sempre gentil, o que não acontecia muito quando eram casados. Amanda se lembrava o quanto ele era dominador, mandão. Como ela nunca percebera tudo o que via agora, quando eram casados! Amanda sabia bem a resposta, ela o havia colocado em um pedestal onde os defeitos dele não existiam. Para ele Amanda era apenas a dona de casa, a esposa presente para quando ele julgava necessário, apenas isso. Ela soube após a sepação que uma relação como a deles não tinha como crescer. Não eram dois em um, mas sim dois por um, por ele somente e nada mais. Mas de toda aquela triste experiência nascera seu maior tesouro, seu filho. Pelo qual ela não estaria disposta a viver novamente toda aquela mentira que vivera. Amanda olhava distraidamente para a foto que tinha do filho em sua mesa quando uma voz familiar a acordou de seus pensamentos.
- Bom dia! – Angustiada ela levantou a cabeça com um leve sorriso nos lábios.
- Olá Breno. – Respondeu ela friamente. – O que o trás aqui? – Perguntou ela.
- Gostaria de jantar comigo amanhã? – Convidou ele esbanjando sorrisos.
- Sinto muito. – Respondeu ela. – Já tenho um compromisso. – falou ela em tom educado.
- Desfaça-o. – Ele disse com o mesmo sorriso no rosto.
- Infelizmente não será possível. – Amanda estava começando a ficar irritada com a arrogância daquele homem.
- Você esta tentando fugir de mim? – Perguntou ele aproximando-se dela exalando cheiro de colônia cara. – Tem medo de ceder e descobrir que ainda me quer! – Amanda o observou com seu tom autoritário como se tivesse plena certeza do que afirmava.
- Por que eu faria isso? – Amanda perguntou encarando o rosto dele. Breno estava mais velho, embora ainda tivesse seu charme. As marcas das noites mal dormidas eram
evidentes na face dele. Provavelmente tivera muitos momentos de festas, badalações e mulheres. Mesmo estando irritada por constatar tal fato, Amanda também sabia que não se tratava de ciúmes, esse sentimento ela não nutria por ele a muito tempo. Sua irritação era pelo fato de ele ter se esquecido de suas responsabilidades como pai.
- Porque você faria isso ainda não sei ao certo, mas precisamos superar essas magoas, temos um filho e isso não será bom para ele. – Justamente ele falava com cuidados com o filho? – Pensou ela. – Se não fosse Breno quem estivesse falando, era até possível que ela acreditasse no que ouvia.
- Para que nosso filho esteja bem, não é necessário que jantemos juntos. – Criticou ela, desde que voltou, Breno a convidava para jantares e sempre usava o filho quando percebia que ela recusaria. – Alem do mais, o Lucas já se acostumou com a separação, pois ela não aconteceu ontem, como você faz parecer, mas há muito tempo. – Amanda estava indignada com o fato de ele só se preocupar com o bem estar do filho agora que voltara sozinho, sem ninguém o esperando.
- Você é muito rancorosa Amanda. Deveria se colocar um pouco no lugar das pessoas. – Ela ficou tão admirada com aquele comentário que fez ar de riso. – Tudo bem! – Continuou ele colocando as mãos dentro do bolso da calça. - Eu não vou mais insistir, por enquanto. Você precisa ter seu tempo. – Amanda ignorou cada palavra dele, pois duvidava que seria tão fácil.
- Até mais querida. – Disse ele pegando na mão dela dando-lhe um leve beijo antes de ir embora.
Amanda olhava para sua mão caída imaginando como algumas pessoas eram capazes de mudar em dias, suas atitudes colocando uma mascara, em prol de um objetivo.






2 comentários:

  1. Obrigada Priscila!

    Agradeço muito por poder fazer parte desse lindo projeto.
    Um grande abraço. Foi um prazer para mim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Dill,

      de nada (: Sucesso para sua carreira, obrigada pela participação.

      Excluir

Faça a gente ficar feliz, deixe seu recado (:

Obs: Se tiver problemas para postar recados, clique em "visualizar" depois de escrever sua mensagem, e então clique em "postar".

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.